Olá, mundo!

Welcome to WordPress.com. This is your first post. Edit or delete it and start blogging!

Publicado em Sem categoria | 1 Comentário

Contramão

 

          Insisto na mania de fazer tudo errado… misturo tudo, confundo tudo, faço a maior bagunça. A começar pelo meu Daltonismo – excetuando-se as cores primarias e o preto e branco, não me pergunte a cor de nada nem se isso combina com aquilo porque o resultado com certeza não será nada agradável aos olhos… Também sou todo complicado na direita/esquerda: Sou destro na mão e canhoto (ou sinistro – nome feio…..) no pé. E ainda que faça as coisas com a mão direita, torço a roupa no sentido contrário e só depois de muito tempo descobri porque meu pião nunca parava em pé – passei a infância toda enrolando a cordinha para o lado errado! E embora chute com o pé esquerdo, salto e visto minhas calças começando pelo pé direito. Que confusão!! Subo na moto pelo lado contrário e quando tenho que ir aos shoppings levo sempre um acompanhante porque se entrar numa loja, quando saio já não sei mais de que lado eu estava vindo e para onde estava indo. Muitas vezes me flagrei na porta de saída, de cara para o estacionamento quando na verdade eu queria era continuar dentro do shopping. Se terminasse por aí estava de bom tamanho mas, como se não bastasse, também interpreto tudo de uma maneira própria e tenho que fazer um esforço hercúleo para enxergar as coisas pelos olhos dos outros. Aí, dá-lhe cabeçada!! Quando a ficha cai já está tudo complicado demais pra desenrolar. 

          Tenho uma tese: devo trazer em meu código genético algum gene herdado dos meus antepassados que viveram no tempo da Torre de Babel. Quem não se lembra da história do povo que queria construir uma torre pra chegar até o céu e Deus, como castigo, confundiu as línguas?  E o povo precisou desistir da empreitada pois, como dizia nosso saudoso Chacrinha, “Quem não se comunica se trumbica!!” Um gene mutante que em cinco mil anos aprendeu a confundir tudo, ainda que falemos o mesmo idioma.

          Mas nem tudo são espinhos… Quando faziam aquelas gincanas escolares no primário, na corrida de costas eu sempre chegava em primeiro! Letras embaralhadas na revistinha de palavras cruzadas é fichinha. Sempre entendo o que o “Dobby”, do filme “Harry Potter” fala, por mais que ele misture as palavras… pra quem sempre confunde tudo, reconhecer uma confusão pode não ser tao difícil.  

          Por esse motivo, com o passar do tempo fui descobrindo que tudo que respira vai na contramão, mas que poucos se deram conta disso. Que tudo tem dois pólos e a confusão não é privilégio meu apenas. Quem pede perdão é o mais forte, quem se mostra eloqüente lá no fundo é o mais tímido, quem se mostra forte muitas vezes é o mais fraco – e vice versa. Usamos escudos para esconder nosso próprio eu, e assim vivemos num mundo de contrariedades, de bipolaridades, de inconstâncias… quem sorri talvez seja o mais triste, quem está do seu lado pode ser a pessoa mais distante de ti, quem cala pode ser o mais sábio do grupo e a pessoa aparentemente mais insensível eu aposto que no seu interior é a mais doce. Tudo tem pólos opostos, rosas e espinhos, mas tudo se funde, tudo se completa e no final das contas somos todos iguais.

          Agora que descobri isso,  meu mundo, embora ainda confuso, me satisfaz.  E aqui pra voce, ó, gene de Babel – banana!!

 


Publicado em Comentários nulos | Deixe um comentário

É o bicho!!!

     Antes de ser carteiro ele queria ser bicheiro. O primeiro contato com a banca do jogo do bicho teve depois de uma malfadada experiência que sua mãe fez cortando seu cabelo.
     Na primeira série alguns bichinhos teimam em permanecer na cabeça das crianças e ele não era exceção á regra… Tesoura na mão, D. Antônia começou o ritual: tic tic tic tic corta aqui, penteia ali, no final parecia que tinham passado um cortador de
grama na cabeça do menino. A mãe colocou a mão no queixo, franziu a testa… Depois foi revirar o guarda roupas, de onde veio carregando um bonezinho que plantou na cabeça do garoto. Calmamente sacou uma nota de 5 cruzeiros do bolso (daquelas que traziam a estampa de D. Pedro I com cara de sono) e o despachou para a barbearia, com a recomendação:
     – Fala pro Seu Sérgio dar um jeito nisso aí.
     Com a mão estendida segurando a nota, chamou o barbeiro:
     – A mãe falou pro senhor dar um jeito no meu cabelo. Seu Sérgio retirou lhe o boné, colocou a mão no queixo e franziu a testa…
     – Minha nossa, o que que fizeram aqui… pensou. E deu um jeito – passou a máquina 2 no cocuruto do rapaz, recolocou o boné e o mandou de volta para casa.
     No dia seguinte ele ainda tentou disfarçar a careca com o boné mas não adiantou – a garotada da primeira série distribuiu-lhe tapas na cabeça o dia todo! As crianças sabem ser cruéis, as vezes… Embora passasse a detestar boné, ficou conhecido na escola como “o garoto do boné”.
     Porém, ao lado da barbearia do Seu Sérgio havia uma banca de jogo do bicho onde um mulatão
barrigudo parecido com o Dicró ficava sentado o dia todo anotando os jogos, exibindo seus cordões e pulseiras de ouro. E o camarada comia o dia todo, porque logo afrente havia uma barraquinha que vendia salgadinhos e a mocinha de saias curtas vivia com pratinhos na mão levando pro bicheiro. E que cheiro bom tinham aquelas coxinhas e pastéis!! O mulato só se levantava para trocar os números da plaquinha – um resultado pela manhã e outro no final da tarde. O Garoto do Boné achava aquilo muito legal e me disse certa vez: Esse é o cara!! Quando eu crescer vou ser bicheiro!
     Eu me lembro muito bem dessa banca de jogo do bicho. Quando cheguei da escola certo dia minha mãe me entregou um papelzinho com 4 números e disse:
     – Corre lá na banca e faz esse jogo pra mim. Eu sonhei que o falecido Zé Lima me deu esses números e mandou jogar no bicho! Mas corre!!!
E lá fui eu em desabalada carreira pra fazer o jogo. Quando entreguei a anotação o Dicró olhou para o papelzinho, olhou para minha cara, olhou para o papelzinho de novo, coçou a cabeça, segurou o palito de dentes que estava no canto da boca e falou:
     – Olha garoto, eu até posso fazer esse jogo, mas não vai dar ele de tarde não porque acabou de dar de manhã…
Eram 12:15h e a fezinha da manhã ja havia fechado. Eu olhei a plaquinha na parede e tava lá a milhar inteirinha, número por número, borboleta na cabeça! Paciência, voltei pra casa pois o almoço estava esfriando.
     E o Garoto do Boné entrou para os Correios! Quando deixava alguma carta lá em casa eu olhava para ele e sabia que não se importava de andar o dia todo com aquela enorme sacola a tiracolo – mas tinha certeza que detestava usar o bonezinho azul. Pouco tempo depois nossa família se mudou e eu voltei pouquíssimas vezes àquele bairro. 
     Agora estou aqui com o jornal na mão e dei de cara com a notícia: Polícia fecha ponto de jogatina! E estampado no canto da primeira página a imagem do Garoto do Boné algemado, entrando na caçapa do camburão… Tá certo que ele não é mais tão garoto assim; e engordou muito, deve ter comido muitos salgadinhos da barraquinha da frente. Mas talvez pouca gente tenha percebido um sorrisinho maroto no canto de sua boca. É, ele conseguiu o que queria – conseguiu ser bicheiro! E se livrou pra sempre daquele maldito boné.
Publicado em Minha nada mole vida | Deixe um comentário

Na 15 de novembro

 

 
 
     Enquanto cai a tarde e o sol lentamente escorrega para detrás dos montes, caminho só. Apresso o passo, pois não posso perder o trem. O homem montado a cavalo ergue o chapéu – ‘Bás’ tarde! – saúda. – ‘Tarde’! – respondo. O riacho que escorre por sob a ponte de madeira lembra o barulho da chuva, quando ela caía sobre as folhas das plantas de manhã. O sabiá que canta escondido entre as folhas amarelas do ipê de repente rompe numa revoada rápida e some na curva do caminho. Escurece. Agarro a mochila e sinto me tão só. Percebo uma gota de suor escorrendo pela face e ensaio uma corridinha rápida, mas já não dá pra enxergar muito bem a estrada, ainda que a lua esteja surpreendentemente clara. Por um momento contemplo o céu, que pouco a pouco vai ficando salpicado de minúsculos pontos luminosos que piscam, até se transformar num gigantesco tapete de luzes. E eu paro. Enquanto a lua brinca de pega-pega com as estrelas. De repente as luzes do céu invadem a campina – os pirilampos vêm me fazer companhia. E piscam também. Eu solto a mochila e abro os braços, sentindo-me parte do universo, dono da eternidade, perdido no infinito. Respiro o ar puro que desliza suavemente adentrando minhas narinas e inflando meu peito. Não existe mais céus nem terra, cima e baixo, longe e perto – tudo se entrelaça na singularidade dessa hora, numa dança de luzes e brilhos. Nesse momento não existe mais o trem das oito, nem a estação, nem o sabiá. E eu olho em volta, vislumbrando o nada – somente as luzes que piscam, piscam; enquanto a lua brinca de pega-pega com as estrelas.
     Fecho os olhos, tentando sentir na superfície da pele o ar suave da noite. O relógio bate dezoito horas e abro os olhos, deparando-me com o ir e vir dos veículos apressados que passam na 15 de Novembro, numa batalha louca de buzinas que despejam dezenas e dezenas de decibéis na minha janela. Olho a manga da camisa marcada de pó escuro, que colhi debruçado sobre o parapeito, mergulhado em minhas lembranças. Hora de ir para casa.
     Enquanto cai a tarde e o sol escorrega lentamente para detrás dos prédios, caminho só. Apresso o passo, pois não posso perder a condução. O semáforo dá passagem e quando piso na faixa um carro buzina um malcriado “sai da frente!” – aperto os lábios e meneio a cabeça em tom de reprovação – sigo adiante, deixa prá la… Escurece. A pasta de couro, ainda que quase vazia, pesa bem mais que minha velha mochila de lona. Mesmo ladeado por uma multidão de pessoas, percebo que ainda estou só. Pelo menos posso correr um pouco, pois as luzes de vapor de mercúrio realmente clareiam muito bem, e o brilho dos faróis refletem na gota de suor que escorre na minha face. Contemplando os céus abro um sorriso pois, lá de cima, olhando para mim, a lua ainda brinca de pega-pega com as estrelas. E eu tenho a certeza de que tudo aquilo que ficou para trás realmente existe, que o sabiá ainda canta… e que preciso parar um pouco com a correria e ir ver os pirilampos – pois estão apenas esperando que eu abra o cadeado do meu coração e os liberte, para que voltem a dançar alegremente pela campina.
 

Publicado em Comentários nulos | 1 Comentário

As cartas que não mandamos

 

 

     Já disse algumas vezes que minha mãe me ensinou um monte de coisas. Acho até que ela me ensinou a ser eu e, assim, sou uma continuação do que ela foi. Isso é bom, espero que eu não termine em mim mesmo, que também haja alguém para dar continuidade ao que sou. Tenho algumas falhas que merecem um puxão de orelha e sempre sei quando estou fazendo algo errado, pois tenho como padrão o que ela faria. E posso imaginar o seu olhar de reprovação quando deixo a desejar em algum quesito. Depois que ela faleceu, remexendo seu espólio (sempre quis encontrar uma oportunidade para usar essa palavra!!) encontrei alguns escritos e na época redigi uma carta. Uma carta que não mandei. Ela não me reprovaria por isso, porque o que encontrei foi justamente uma carta que ela também não mandou… mas talvez ela me reprovasse por torná-la pública. Paciência, vamos juntos, mãe, eu com minha carta e em seguida você com a sua!





Minha carta

 

 

Volta Redonda/RJ, 28 de Outubro de 2000


Vossa Senhoria

Antônio Francisco Neto – Prefeito da Cidade de Volta Redonda



     Gostaria que esta carta tivesse um caráter informal, como a que um amigo endereça a outro, sem medo de externar sentimentos nem receio de ser mal interpretado. Ela trata de como aprendemos, eu e minha família, a reconhecer uma verdade que nos foi ensinada “por preceito e pelo exemplo”.

     Sábado, ao chegar à clínica onde minha mãe fôra internada momentos antes, recebi a triste notícia de seu falecimento. Durante as 24 horas seguintes, entre o turbilhão de coisas que se têm para resolver, aprendi um pouco sobre a minha cidade, sobre as pessoas que vivem aqui e gostaria de expressar minha gratidão pelo tratamento que minha família e eu recebemos. Não quero espalhar louros sobre trabalhos ou pessoas, mesmo porque nem me lembro o nome da maioria delas, mas simplesmente agradecer sensibilizado pelo apoio recebido dos irmãos voltarredondenses naquele momento.

     Gostaria de começar citando que fomos tratados com dignidade e respeito em quaisquer que fossem os lugares onde precisamos comparecer. Tanto o funcionário da funerária municipal quanto o da capela mortuária dispensaram toda a atenção que precisamos, ainda que fosse perto das 23:00h. Digo o mesmo em relação à mocinha que nos atendeu no cartório, em pleno domingo. Com as orientações que nos passaram pudemos administrar a situação sem perder o controle. As pessoas que nos atenderam na clínica também nos olhavam nos olhos e partilharam da nossa grande perda. Gostaria de reconhecer também o bom trabalho que foi realizado com a construção da Capela Mortuária. A localização facilita grandemente o acesso de quem vem de qualquer ponto da cidade e a estrutura nos acolhe e conforta. É um local onde podemos receber dignamente os amigos que vêm prestar a última homenagem àqueles que amamos e se vão. Todos, enfim, do primeiro ao último cidadão da cidade com quem mantivemos contato naquela ocasião demonstraram-se verdadeiros AMIGOS, daqueles que se revelam nos momentos mais difíceis da batalha – a todos eles nosso muito obrigado.

     Organizando os pertences que minha mãe deixara, encontrei uma carta endereçada a Volta Redonda. Essa carta foi escrita durante o tempo em que ela estava morando em Campo Grande/MS (de 1992 a 1999). Estava num caderno que trazia na primeira página, escrito em letras grandes “As cartas que não mandei”. E gostaria de passar uma cópia a vossas mãos, pois acredito que ela aprovaria o meu ato. Mando uma cópia na caligrafia dela, da maneira como escreveu, para que essa cidade possa guardar, se assim achar por bem, o sentimento externado de uma “filha”. Filha que foi amada pelas pessoas maravilhosas desse lugar, filha que essa cidade acolheu e que agora guarda perpetuamente em seu seio.

     A verdade que aprendemos é que nossa cidade é o melhor lugar do mundo. Por mais longe que estejamos temos a certeza de que ela será para sempre nossa casa. Creio que posso encerrar por aqui, desejando que nosso sentimento por esse lugar possa contagiar todos seus moradores – e que sejamos felizes.

Cassio Jr

 

      ——————-x——————

 

Sua Carta

 

 

Campo Grande/MS, 9 de novembro de 1995.


Querida Volta Redonda


     “Cidade do Aço”, cidade bonita, cidade de todos, cidade minha. Eu amo você. Nas tuas ruas eu cresci (mas não muito), debaixo do teu céu eu fui feliz, entre tuas montanhas eu vivi protegida quase toda minha vida e sou muito grata por isso. Vivo na esperança de um dia poder voltar a ti, porque aí é o meu lugar. Sinto uma saudade danada de voce!

     Quero que me perdoe por ter te deixado um dia e que saiba que nunca te esqueci.

     Terra dos sonhos… gente chegando de todo lugar, inclusive meu pai que chegou em 1958. Cada um trazia consigo o coração cheio de esperança e você nunca decepcionou ninguém. Todos conseguiram prosperar – uns muito, outros pouco; mas todos melhoraram suas vidas. Povo forte como o aço que destila dos seus altos-fornos; povo quente, alegre e corajoso.

     Alguns reclamam, murmuram, falam mal, mas permanecem aí. Ir para onde se aí é o melhor lugar do mundo? Os poucos que saem um dia com certeza voltam ou então se lamentam de saudades pelo resto da vida. Não é o meu caso, porque certamente voltarei. Voltarei porque te amo.

Cacilda

 

Publicado em Comentários nulos | 1 Comentário

Fura-Fila

 

     Em qualquer processo de mudança que altere nossa rotina, passamos por 4 fases: negação, revolta, frustração e aceitação. Tenho vivido uma crise existencial – o processo de mudança para meus 40 anos estão me apavorando!!! – tenho pensado muito, escrito pouco e ando meio revoltado esses últimos tempos…
     Quando a idade de quarenta foi avistada no topo da estrada da vida mil sirenes tocaram ao mesmo tempo e esse barulhão sacudiu até os cantos mais escondidos dos meus valores, das minhas idéias, dos meus temores… Afinal, depois que se chega ao topo o que vem pela frente é só descida. Maldita lei da gravidade… tudo vai pra baixo! E como decidi que não me permitiria ficar velho antes dos 60 anos de idade, estou muito preocupado… Tenho somente mais 20 anos de vida – e ladeira abaixo!!! – depois serei idoso. Os dias passam voando, os cabelos embranquecem na mesma velocidade e acredito que não estou aproveitando tudo o que posso. Que fazer???
     Quando chegava na casa de uma colega da faculdade, para levar uns livros, ouvia a mãe dela gritando lá dentro: – Carla, aquele velho que pensa que é novo está te chamando!! Velho? Eu? Ainda não tinha nem 35! Nem ligava, ignorava. Se bem que eu já sentia uma dor incômoda no joelho esquerdo depois de cada jogo de futebol e já não corria em campo a maior parte do segundo tempo… Aquele era o estágio da negação.
     Agora estou no estágio da revolta! Implico com tudo que é velho. Tem um velhinho aqui no bairro que eu chamo de Fura-Fila. O danado entra com a maior cara de sem vergonha em tudo que é fila pra idosos – já esbarrei com ele no banco várias vezes – mas de manhã cedo sempre faz sua corrida em torno da pracinha e estende o polegar quando me vê. Ou seja, praticar esporte o cara-de-pau pode, mas ficar 15 minutos numa fila não… opa, tem alguma coisa errada aqui!
     Morro de raiva quando estou em uma fila qualquer e me passa a frente um idoso fantasiado de jovem, com tênis Nike e bermudão e na saída sobe numa bicicleta e sai em disparada! Oras, se é idoso é idoso, pôxa! Tem que vestir blusa de lã e gorrinho – e carregar uma almofadinha para sentar e jogar damas ou qualquer jogo de tabuleiro na pracinha a tarde inteira.
     Dia desses uma senhora estava aprontando um barraco no supermercado porque a fila era para idosos e uma outra senhora (beeem abaixo da casa dos 60 anos) estava passando a compra no caixa. Na minha opinião a implicância era porque a jovem tinha menos de 60 kilos e a outra senhora era imensa, e gesticulava como um lutador de boxe!
     Tempos atrás um senhor de uns 45 anos, com um mundo de papéis debaixo do braço, reclamava em alta voz numa fila de banco:
– Estou cheio de coisas pra fazer e esses velhos ficam passando na frente! Velho tem que ficar em casa! Ficam à toa o dia todo e ainda furam a fila – querem ganhar tempo pra que se não tem nada pra fazer senão esperar morrer!!
     O homem estava furioso e só sossegou quando o guarda chamou ele num canto e deu uma dura. Naquele dia achei o homem meio ignorante, mas hoje em dia penso que ele não estava completamente equivocado não… E se naquela época já existissem as vagas para idosos nos estacionamentos? Imagino a reação desse homem, gritando no meio do estacionamento do banco:
– Quem não consegue dirigir ou fica em casa ou sai de ônibus! Se as pernas não comandam mais os pedais na hora de estacionar, também não comandam no trânsito! Vamos fazer pistas exclusivas para idosos, com velocidade de 20 km por hora e direito a medir a pressão arterial e taxa de glicose a cada semáforo???
Acho que ele sairia dali preso…
     Estou com hojeriza de velhice. Vivo beliscando o dorso da mão, puxando e soltando pra ver se a pele volta rapidamente (porque assisti num programa que se a pele demora a voltar ou você esta desidratado ou a pele está envelhecendo). Não deixo mais meu cavanhaque crescer – chegam os cabelos brancos da cabeça. Uma vez, ainda na fase da negação, tingi os cabelos de preto e em seguida fui ao supermercado. Uma prima me avistou e veio puxar papo, olhou pra mim com aquela cara de desconfiada e disse:
– Você está diferente… humm, deixa eu ver… e soltou um berro: – AH PINTOU OS CABELOS!!!
     Parecia que todos estavam olhando pra mim. E estavam mesmo!! Eu neguei, claro:
– Pintei não, impressão sua…
     E ela teimava comigo, tumultuando a fila do açougue:
– Pintou sim, pintou sim, tá na cara, seu cabelo tá pretinho!!
     Eu dizia não, não, ela teimava sim, sim. Que raiva. Eu estava como uma bandeira do Flamengo ou do Vitória da Bahia – cabelo preto e rosto vermelho. Nunca mais pensei em tingir os cabelos…
     Agora faltam as duas últimas fases do processo de mudança. Talvez eu consiga pular o estágio da frustração e partir direto para o da aceitação porque uma esperança me conforta: quando eu era garoto, admirava as garotas e todas as coisas de jovem. Quando me tornei homem passei a admirar as mulheres e todas as coisas de adulto. Acredito que quando ficar velho aprenderei a admirar as mulheres mais velhas e o joguinho de damas na praça. Até porque, se isso não acontecer, não vai ser preferência na fila nem comprimidinho azul que vai me consolar – vou ficar frustrado e me fantasiarei de jovem também… Quem sabe até me transforme no próximo velhinho Fura-Fila.

 


"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade. Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?"

Charles Chaplin

Publicado em Comentários nulos | Deixe um comentário

A caixa

 

     Não que eu tenha uma aversão natural por gatos mas quando o “Tatão” chegou com a caixa de madeira confesso que fiquei um tanto aliviado. Eu bem que tentara expulsá-lo a base de vassoura e gritos, mas tudo foi em vão… A personificação da bagunça insistia em rondar a pobre casinha da rua K, número 33. Por detrás daqueles olhos meigos e daquele pelo fofo havia um furacão sempre a espreitar e esperar a hora do ataque. Uma panela destampada, um peixe na pia para ser limpo, um copo de leite deixado na mesa para se dar uma corridinha no banheiro… nada escapava de sua vigília incessante. E não parava por aí não; as sacolas de lixo viviam sendo estripadas pelo bichano, que subia no cestinho de metal e arrastava as pobres coitadas para o meio da calçada, ali ficando, moribundas. Da mesma maneira que aparecia, sumia – o gato era ninja! Aquilo já havia se tornado muito desagradável; insuportável até.
     A portinha foi levantada e travada numa pecinha de madeira – que ficava num lugar onde nem dava pra ver – e a isca cuidadosamente colocada num alpendre, lá no fundo da caixa. Caixa não, Gatoeira. Era esse o nome do troço. Um cigarrinho aqui, uma piadinha ali, a porta caiu – TUM!! O bichano até que tentou escapar nas não havia como. A gatoeira tinha sido contruída com tábuas corridas, sem gretas. Miaaaaaauuuuuuu…… Tatão levantou a caixa (caixa não, gatoeira) e levou um saco vazio, desses de farinha, até a boca da armadilha. Depois de umas boas sacudidelas, o gato escorregou e foi cair lá no fundo do saco. Então o caçador comecou a girar o saco, segurando pela boca, até que as voltas comprimissem o gato e o imobilizassem. – Este até que está gordinho, né?! Foi o que disse, apalpando a perna do gato.
     Ele iria comer o gato!!!! Até aquele momento eu não pensara no destino que o animal teria: se seria solto longe dali, ou entregue para a carrocinha, sei lá; mas agora, sabendo que o bichinho iria virar tira-gosto depois de umas doses de Caninha da Roça… Tá certo que eu não morria de amores pelo bicho, já disse, mas péra lá… ele só estava atendendo o chamado da fome. Se eu fosse um gato, será que agiria diferente? Ainda mais que sou louco por peixe… Mas por outro lado, se ele não tivesse tomado tanto o meu leite, comido tanto o meu peixe e o meu lixo, não estaria tão gordinho e apetitoso (ECA!!). De qualquer forma, “Tatão” levou embora o gato, a gatoeira e os meus problemas com o lixo rasgado.
Dias depois vi o ‘Tatão”(nunca descobri seu verdadeiro nome) . Talvez por mera curiosidade, talvez pra ter certeza do destino do gato, perguntei:
– E o gato?
– Que gato?
– O gato que você pegou no quintal de casa, oras…
– Ah, não comemos não. Era gata fêmea. E a gente não come gata fêmea não.
    Acredito que ele comeu sim porque não vi mais o tal gato mas continuo, dali em diante, a tapar muito bem as panelas e até mandei colocarem uma telinha de arame em torno do cesto de lixo. Nunca se sabe…

Publicado em Minha nada mole vida | Deixe um comentário

Duelo de Titãs

 

     Se encontraram no ônibus.
– Fala aí, Marcos!! 
– Tudo bom, Fernando??
– Tranqüilo, como vai o Maurício?
– Tá legal, deve aparecer esse final de semana. Já faz 15 dias que está pra Angra…
– Ah, tá.
     Eram 55 minutos ate a cidade de Lafaiete e Fernando se acomodou no canto, recostando a poltrona vizinha pouco afrente de Marcos. Era o inicio da noite e enquanto o ônibus saía da rodoviária fechou os olhos. A semana inteira ensaiou esses atos: a ida para Lafaiete, o encontro na festa, o beijo. Decorou váarias falas para no final descobrir que nenhuma delas seria apropriada para a ocasião. Será que ela estará me esperando na chegada? Semana passada Cláudia o tinha convidado para a festa junina da cidade vizinha. Ela iria passar o final de semana com alguns parentes que lá moravam e o encontraria na festa, à noite. Com os olhos fechados podia sentir o perfume dos cabelos dela, lembrar a expressão nervosa na hora do convite… Iam se somando as curvas e os minutos.
– E aí, está indo fazer o que em Lafaiete?
– Como é que é??
     Despertou de repente.
– Você, ta indo fazer o que lá em Lafaiete?
     Não quis falar que iria se encontrar com a Cláudia. Melhor contar meias verdades…
– Tou indo pra festa junina. Dizem que é muito bom lá.
– Que legal! Também estou indo pra lá. 
– Já foi lá alguma vez?
– Pra essa festa não, já fui ano passado, num passeio na fazenda.
– Ah, tá.
     Já que a viagem demoraria um pouco ainda, começaram a conversar.
– Tem muitas fazendas lá, né?
– Tem sim.
– Já fui também, mas para comprar Tecido. Ia sempre com a minha mãe, tempos atrás, mas faz tempo que não vou.
– Como você ficou sabendo da festa?
     Pronto, agora o caldo entorna… ia ter que contar.
– Tava conversando com a Cláudia sobre a festa, aí a gente ficou de se encontrar lá.
     O rosto do Marcos ficou branco, cara de espanto.
– A Cláudia??? A Claudinha do 2o ano?
– Hurum.
     O rosto do Marcos ficou vermelho.
     Pausa.
     O ônibus fazia a curva do posto, estavam na metade da viagem.
– Ela me chamou também.
– A Cláudia???
– Foi.
     O rosto do Fernando ficou branco, cara de espanto.
– Não pode ser a mesma Cláudia…
– Só tem uma no segundo ano, acho que é.
     O rosto do Fernando ficou vermelho.
     Pausa. Dessa vez uma pausa bem longa.  
     Uma tempestade cerebral aconteceu naquelas poltronas do ônibus para Lafaiete, com mil ideias e questionamentos surgindo ao mesmo tempo nas duas mentes jovens. O companheiro de viagem se transformara num rival, um adversário que teria que ser eliminado de qualquer maneira. Mas sair trocando socos e pontapés não parecia boa ideia para nenhum dos dois. Outra opção seria abandonar a disputa, descer e pegar o ônibus de volta. Ah não, isso não. Decidiram deixar acontecer.
     E a longa pausa continuava…
     Chegaram à rodoviária e não havia ninguém esperando.
– Até mais, a gente se vê!
– Até.
     Cada um pegou um caminho diferente até a festa, querendo chegar primeiro e encontrar Claudinha, mas descobriram que ainda era muito cedo, poucas pessoas passeavam pelas ruas da praça e a moça ainda não estava lá. Lugar pequeno, se esbarraram ainda uma porção de vezes ate que Fernando avistou uma garota linda de calça jeans e sapatinho de salto chegando, cabelo solto, óculos imensos. Óculos??? Ah, retirou os óculos e colocou na bolsinha.
– Fernando, que bom que você veio!!
     Abraço, três beijinhos, boca seca, coração querendo saltar da caixa do peito, tudo normal ate o momento.
– E aí, chegou faz tempo?
– Nada, acabei de chegar… (mentira, fazia mais de uma hora que estava rodando em torno da pracinha!)
– Vamos ali que vou te apresentar um pessoal!
– Vamos, vamos sim.
– Oi gente!
     Fernando tinha ate se esquecido do Marcos mas ali estava o intruso, querendo azedar o caldo…
– Oi Marcos!!!
     Abraço, três beijinhos, raiva, vontade matar o Marcos, tudo normal ate o momento.
     Foram os tres juntos conhecer a tia Wanda, o primo Antonio, e mais meia duzia de parentes. Conversa vai, conversa vem, mais uma hora rodando em volta da praça, decidiram se sentar. Enquanto isso o parquinho salpicava suas luzes coloridas pelo céu e o sistema de som tocava musicas juninas e, vez ou outra, um pedido musical de fulano para beltrana… coisas da roça.
Sorriso amarelo um para o outro (a vontade era de esganar!!!!), refrigerante, algodão doce, batatinha, quem paga a conta da Cláudia??? Já passava das 10 da noite e o nó ainda nao desatara.
     Passou a prima Bete e chamou Cláudia para o banheiro. É a chance!!
– Marcos, vamos fazer o seguinte: quando ela voltar eu vou dar uma desculpa qualquer e sair por 10 minutos. Conversa com ela e dá teu jeito. Depois, quando eu retornar, é sua vez de sair fora e me dar 10 minutos com ela. Se não fizermos assim não vai dar certo nem pra mim nem pra você.
– Combinado!! Ótimo, pensou Marcos, já que teria a chance de conquistar a garota primeiro.
     E dá-lhe rodar pela maldita praça, esperando os 10 minutos transcorrerem. Fernando de olho no relógio, contagem regressiva, 9’55”, 56, 57, 58, 59, pronto!
    Chegou e viu Marcos ate curvado sobre a mesa, para ficar mais pertinho dela – que raiva!!!
     Disfarçou.
– Oi gente, fui la ver a fogueira.
     Cara de quem nao gostou, Marcos endireitou-se na cadeira, tomou o resto da Coca Cola do copo descartável e saiu pra “dar uma voltinha”.
     Saiu pisando firme. – Droga, pensou, tava quase conseguindo pegar na mao dela quando esse mala desse Fernando chega.
     Era a vez dele ficar rodando em torno da praça.
     Agora o tempo nao passava era para Marcos. – Caramba! Cinco minutos ainda… e essa fogueira tambem nao ta com nada…  Estava pensando no jogo do Timao quando o alto falante parou de tocar a musiquinha, fez um zumbido e logo em seguida:
– E ATENÇÃO, A PROXIMA MUSICA É DEDICADA PARA UMA MOÇA DE CALÇA JEANS E SAPATINHO DE SALTO, QUE ESTA SENTADA NUMA MESA PROXIMO DA BARRAQUINHA DE ALGODÃO DOCE, COM TODO O CARINHO, DE FERNANDO! (e dá lhe Roberto Carlos na vitrola!!)
     Xeque Mate! Fernando tinha passado na barraca de som e armara o esquema.
– Filho da mãe!!! Soltou Marcos baixinho…
     A despesa da mesa ficou com o Fernando, mas tudo bem – no final da festa foi ele quem acompanhou Claudinha ate a casa da Tia Wanda, maos dadas, com direito a selinho no portao.
     Na volta pra casa, os dois esgotados, como se tivessem lutado contra um gigante.
– Voces estao namorando?
– Sei lá, acho que sim… fechou os olhos. Recostado na poltrona do canto com a blusa cobrindo o rosto, cochilou com sorrisinho cretino no canto da boca.
     Mas Fernando nao contou pro Marcos que pouco tempo depois “levou um pe” da Claudinha e que de lá pra cá nunca mais voltou em Lafaiete. E que dali pra frente também passou a detestar algodão doce…
     E o tempo passou. Embora não sejam assim tão amigos hoje, os dois ainda trocam cartões de Natal e de vez em quando se encontram para torcer pelo Corinthians. Agora a Claudinha mudou-se no final daquele ano e nunca mais a viram… quem a conhecer por favor ligue pra 6115-4329 e avise o Fernando. Ele esqueceu de dizer que seu óculos era ridículo.
 

Publicado em Minha nada mole vida | 1 Comentário

Começar de Novo

 

 

     Fui numa banca de revistas dia desses e encontrei uma revistinha com tiras do Recruta Zero. Ela trazia toda a sua história – desde o início, quando ainda não havia se alistado no exército e era um calouro na universidade, até os últimos desenhos de Mort Walker, seu criador. Os comentários de Walker, descrevendo a trajetória de seu personagem, foram muito bem expostos. Ele dizia algo sobre a liberdade de reinventar as coisas e sobre como é possível abandonar o que não deu certo ou o que ficou superado e fazer de novo. Zero saiu da faculdade e foi para o exército durante a guerra da Coréia.  Quatro anos depois, quando a guerra acabou, ele voltou pra casa mas a pedido dos leitores retornou para o exército… muitos companheiros surgiram e desapareceram, ate a fórmula dar certo.
     Recomeçar, reiventar, refazer… não é sempre que conseguimos sucesso na primeira tentativa – pelo contrário – as primeiras tentativas quase sempre são um fracasso total! A primeira vez que se fala em público, a primeira entrevista para um emprego, a primeira cantada… na sua maioria foram situações traumáticas que perferimos não lembrar. E ainda que a primeira vez seja um sucesso total, não é garantia de que isso vai durar para sempre. A fila anda e quem fica parado perde a vez… Mas é possivel fazer de novo – e dessa vez melhor! Ainda mais importante do que fazer melhor é fazer aquilo que a situacao exige (mesmo que isso não seja o melhor).
     Tenho me reinventado com freqüência ao longo dos anos. Fiz isso aos 15 anos, quando descobri que já era um rapaz. Aos 28, quando me senti adulto. Aos 32, quando me considerei responsável de verdade (foi na virada do século! Talvez por isso goste tanto do número 32)… Confesso que nessa fase balzaquiana me reinventei tanto que me perdi ao longo do caminho algumas vezes. Pensei que estava me transformando num santo e percebo que estou cada vez mais próximo do homem. Achei que seria mais sério e compenetrado e me descubro mais sereno e descompromissado. Quando tinha 15 e observava as pessoas de 40 anos, pensava: quando eu tiver 40 anos serei um homem sério… mas hoje, batendo-lhe as portas, percebo que sou mais garoto do que aos 15! Mas com acentuadas diferenças: agora tenho a serenidade de entender algumas coisas e de não exigir demais de mim mesmo nem dos outros. Agora tenho a consciência de que a vida pode ser muito boa, mesmo não sendo aquela que imaginei. Que sempre vai haver uma pessoa na multidão disposta a trocar um sorriso comigo, ainda que as outras não me enxerguem. Que Deus não cobra muito caro pelos meus erros, eu é que muitas vezes estava tão concentrado na porta trancada que não percebia a janela aberta… Que amigos vêm e vão, mas a alegria de estar ao lado de um amigo é sempre a mesma!
     Havia um out door bem grande na frente da Companhia Siderúrgica Nacional, com o desenho de um operário de capacete, sorrindo, ao lado da frase: “A VIDA COMEÇA AOS 40!” Talvez eu tenha levado isso muito a serio – estou remoçando!! Mas o que mais espero é ter a capacidade que o Recruta Zero teve: adaptar-me aos tempos e vive los plenamente. E quando soprar a velinha do bolo, vou fechar os olhos e desejar que não me falte nunca a capacidade de sorrir.
 

   

Publicado em Comentários nulos | 6 Comentários

continuo enrolado (pra variar……)

Bem, o computador ficou na mudanca e tou comendo e dormindo esse final de ano…..  em janeiro prometo voltar à toda!! Um otimo ano novo pra todo mundo!!!
Publicado em Minha nada mole vida | 1 Comentário